Onde há plâncton, há peixe!

Medusae. Foto: Wikipedia

Se o hábito alimentar do zooplâncton é variado, o dos peixes também é. Eles podem se alimentar diretamente de fitoplâncton, de zooplâncton ou comer outros peixes. Em geral, o peixe que se alimenta de plâncton serve de alimento para um peixe maior, que serve de alimento para outro maior ainda e assim sucessivamente.

Não é à toa, portanto, que as áreas do oceano onde há plâncton em abundância costumam ser ricas em peixes. Afinal, o plâncton é o alimento de muitos desses animais aquáticos e os peixes, que não são bobos, ficam onde há comida de sobra! Com isso, acabam atraindo outros animais, como peixes maiores, mamíferos aquáticos e até aves para aquela região!

Mas onde ficam essas áreas que são o sonho de qualquer pescador? Uma delas está no oceano Pacífico, ao longo da costa do Chile e do Peru. Veja por quê: existe uma corrente marítima chamada Circumpolar Antártica (veja mapa). As águas frias que vêm dela são as mais ricas em nutrientes e oxigênio. Você deve lembrar que, para fazer fotossíntese, as plantas precisam de luz solar, gás carbônico, água e... nutrientes! Como isso não falta nestas águas, as microalgas se multiplicam. Resultado: a quantidade de zooplâncton aumenta, assim como a de outros organismos que comem plâncton.
E onde o Chile e o Peru entram nessa história? No oceano Pacífico, essas águas frias, abundantes em plâncton, são levadas à superfície ao longo da costa desses dois países por outra corrente: a de Humboldt. Aliás, ela também arrasta plâncton de outros lugares para essa região. Por isso, existe uma população muito grande de peixes nessa área do Pacífico, como grandes cardumes de anchovas de importância mundial!

O plâncton é muito sensível a qualquer alteração que ocorra no ambiente em que vive, desde a simples elevação da temperatura da água até a ausência de luz. A poluição causada pelo homem, que lança resíduos industriais e esgotos domésticos em rios, lagos e oceanos, representa uma ameaça a esses microscópicos animais e plantas.


O esgoto, por exemplo, costuma ser rico em nutrientes e, por isso, acelera a produção de fitoplâncton, podendo levar à proliferação exagerada das microalgas, inclusive de algumas que produzem substâncias tóxicas capazes de matar os peixes que as ingerirem. Conhecido como maré vermelha, esse fenômeno deixa a água avermelhada porque as algas que se multiplicam descontroladamente são dessa cor.

O lançamento de agrotóxicos pela agricultura e de produtos tóxicos pelas indústrias nos rios, por sua vez, pode provocar a morte do plâncton. Quando esses microscópicos seres não morrem, às vezes apresentam alterações em seu corpo. Mas a sensibilidade do plâncton à poluição tem seu lado positivo. Há estudos que usam esses microscópicos seres para definir se o despejo feito em rios, lagos e oceanos são tóxicos para o ambiente. Muitos órgãos ambientais e indústrias realizam, por exemplo, testes com microcrustáceos para saber qual quantidade de resíduos provoca a morte desses animais. Conhecidos como testes de toxicidade ou bioensaios, estudos desse tipo são importantes ferramentas para fiscalizar e controlar a poluição na água.

Pois é, como você pode ver, os microscópicos seres que vivem no plâncton, aparentemente tão insignificantes, têm diversas funções! Infelizmente, muitas pessoas não os conhecem e nem sabem da sua importância. Então, por que você não sai por aí contando tudo o que aprendeu? Esse pode ser um primeiro passo para proteger os bichos e as plantas em miniatura do plâncton! Afinal, para preservar, primeiro, é preciso conhecer!

Fonte: Sterza, José Mauro. Onde há plâncton, há peixe! Revista ciência Hoje da Criança, 140.
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