O que um inglês que viveu há mais de 100 anos tem a ver com o tipo físico de alguns peixinhos que podem estar hoje no seu aquário? Se o inglês em questão for Charles Darwin, muita coisa! Observando populações de animais e plantas, esse pesquisador produziu um estudo chamado seleção natural. O tal estudo é tão curioso e tão certeiro que até algumas espécies de peixinhos de aquário podem comprová-lo. Só que para entender melhor essa história, você precisa mergulhar... na leitura, claro!
Todas as espécies de animais e plantas estão sempre passando por modificações para melhor sobreviverem em seus ambientes. Ao longo da vida de um ser vivo, essas mudanças não são notadas. Porém, pequenas mudanças acumuladas de geração em geração podem resultar em grandes transformações.
Todas as espécies de animais e plantas estão sempre passando por modificações para melhor sobreviverem em seus ambientes. Ao longo da vida de um ser vivo, essas mudanças não são notadas. Porém, pequenas mudanças acumuladas de geração em geração podem resultar em grandes transformações.
Essa conclusão é de Charles Darwin, o inglês citado na abertura do texto. Ele viveu de 1809 a 1882 e quando tinha apenas 22 anos partiu para uma volta ao mundo numa viagem de navio que durou cinco anos. Sua missão era desenhar os contornos dos continentes, mas Darwin aproveitou a oportunidade para observar o comportamento de animais e plantas em seus ambientes. De seu interesse pessoal, surgiram as idéias para o trabalho que ficou conhecido como "seleção natural".
Mas o que Darwin quis dizer com "seleção natural"? O seguinte: que determinados indivíduos de uma população apresentam características que aumentam sua sobrevivência e sua fecundidade, isto é, a quantidade de filhotes que podem gerar. Em outras palavras: os indivíduos com características mais adaptadas à vida no seu ambiente deixarão mais filhotes para a próxima geração do que os outros indivíduos da mesma população que não apresentam essas mesmas características.
Com um exemplo, fica mais fácil entender. Imagine, então, uma lagoa. Nela, existe uma população de peixes, na qual os indivíduos possuem nadadeiras de dois tamanhos diferentes: alguns têm nadadeiras pequenas e outros, grandes. Os peixes com as maiores nadadeiras conseguem nadar mais rápido do que os de nadadeiras pequenas.
Pois nessa lagoa também há uma espécie de jacaré que se alimenta desses peixes. Apenas aqueles que possuem nadadeiras grandes conseguem nadar com velocidade suficiente para chegar até às plantas e se esconderem. Os peixes de nadadeiras menores são comidos pelos jacarés, porque não nadam com velocidade suficiente para chegar até às plantas.
Logo, os peixes de nadadeiras grandes são os que mais sobrevivem na população que é predada pelos jacarés. Agora, diga: o que poderá acontecer com esta população de peixes? Será que ela ficará igual com o passar do tempo?
A resposta é não. A população de peixes da lagoa passará a ter mais indivíduos com nadadeiras maiores, do que com nadadeiras menores, porque só os primeiros vão conseguir fugir do predador. A diferença na sobrevivência dos peixes vai causar diferenças na sua reprodução.
Como assim? Ora, os peixes com nadadeiras grandes vão viver mais e vão gerar mais filhotes parecidos com eles. A população, com o passar do tempo, terá mais peixes com nadadeiras grandes, que serão os filhos dos pais que possuem nadadeiras grandes. Isso é seleção natural! E evolução é o nome das modificações que os seres vivos sofrem com o passar das gerações.
Vamos ao que interessa! Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, fizeram um estudo interessante com o poecilídeo da espécie Poecilia reticulata , mais conhecida como guppy ou barrigudinho. Em uma visita à ilha de Trinidad, na América Central, eles observaram que estes animais eram encontrados em riachos que desciam das montanhas, mas apenas nas partes mais baixas, porque não conseguiam subir as cachoeiras.
Nas partes mais altas das montanhas não estavam presentes nem os peixes grandes, que se alimentavam dos barrigudinhos. Então, os pesquisadores tiveram a idéia de introduzir os barrigudinhos nas partes mais altas, de modo que eles pudessem viver em um local onde não havia predadores.
Comparando as populações que passavam a viver acima e abaixo das cachoeiras, os pesquisadores observaram que os barrigudinhos que viviam no ambiente sem os predadores cresciam mais, começavam a se reproduzir mais tarde, tinham menor número de filhotes, mas estes eram maiores do que àqueles que viviam junto com os predadores.
Depois de 11 anos, os pesquisadores verificaram que as diferenças no tamanho e na reprodução já eram as novas características da espécie, podendo ser observadas a cada nova geração dos barrigudinhos que viviam sem predadores. Esse exemplo mostra como a seleção natural pode agir nos organismos, ou melhor: como Darwin estava certo!
Logo, os peixes de nadadeiras grandes são os que mais sobrevivem na população que é predada pelos jacarés. Agora, diga: o que poderá acontecer com esta população de peixes? Será que ela ficará igual com o passar do tempo?
A resposta é não. A população de peixes da lagoa passará a ter mais indivíduos com nadadeiras maiores, do que com nadadeiras menores, porque só os primeiros vão conseguir fugir do predador. A diferença na sobrevivência dos peixes vai causar diferenças na sua reprodução.
Como assim? Ora, os peixes com nadadeiras grandes vão viver mais e vão gerar mais filhotes parecidos com eles. A população, com o passar do tempo, terá mais peixes com nadadeiras grandes, que serão os filhos dos pais que possuem nadadeiras grandes. Isso é seleção natural! E evolução é o nome das modificações que os seres vivos sofrem com o passar das gerações.
Exemplo de poecilídeos, o guppy, macho (ao fundo) e fêmea. Foto: Wikipédia. |
A natureza está cheia de exemplos de seleção natural. Alguns dos exemplos mais estudados são os dos peixinhos chamados poecilídeos. Quem são eles? Provavelmente você já os conhece! Os poecilídeos são encontrados nos aquários de água doce e são conhecidos como guppies, platys , espadas e molinésias.
Eles são pequenos, em geral com cinco centímetros de comprimento, e possuem uma característica que os diferem de outros peixes semelhantes: são vivíparos. Isso significa que as fêmeas carregam seus filhotes dentro da barriga durante a gravidez, que dura de 20 a 30 dias. Os machos são menores e mais coloridos que as fêmeas, e são elas que escolhem aquele com que vão acasalar.
Os poecilídeos possuem a capacidade de viver em vários ambientes, o que torna fácil a sua comercialização como animais de aquários. Vivem em lagoas e rios, geralmente perto das margens, onde a água é bem calma e rasa. Assim podem fugir de predadores, como peixes maiores e aves. Sua alimentação inclui vegetais e pequenos animais que também vivem em lagoas e rios.
Embora sejam naturais do continente americano, os poecilídeos podem ser encontrados em quase todo mundo. Isso porque eles foram introduzidos em muitos países com o objetivo de controlar o nascimento de mosquitos. Não entendeu? É que as larvas de alguns insetos são um de seus alimentos favoritos!Eles são pequenos, em geral com cinco centímetros de comprimento, e possuem uma característica que os diferem de outros peixes semelhantes: são vivíparos. Isso significa que as fêmeas carregam seus filhotes dentro da barriga durante a gravidez, que dura de 20 a 30 dias. Os machos são menores e mais coloridos que as fêmeas, e são elas que escolhem aquele com que vão acasalar.
Os poecilídeos possuem a capacidade de viver em vários ambientes, o que torna fácil a sua comercialização como animais de aquários. Vivem em lagoas e rios, geralmente perto das margens, onde a água é bem calma e rasa. Assim podem fugir de predadores, como peixes maiores e aves. Sua alimentação inclui vegetais e pequenos animais que também vivem em lagoas e rios.
Vamos ao que interessa! Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, fizeram um estudo interessante com o poecilídeo da espécie Poecilia reticulata , mais conhecida como guppy ou barrigudinho. Em uma visita à ilha de Trinidad, na América Central, eles observaram que estes animais eram encontrados em riachos que desciam das montanhas, mas apenas nas partes mais baixas, porque não conseguiam subir as cachoeiras.
Nas partes mais altas das montanhas não estavam presentes nem os peixes grandes, que se alimentavam dos barrigudinhos. Então, os pesquisadores tiveram a idéia de introduzir os barrigudinhos nas partes mais altas, de modo que eles pudessem viver em um local onde não havia predadores.
Comparando as populações que passavam a viver acima e abaixo das cachoeiras, os pesquisadores observaram que os barrigudinhos que viviam no ambiente sem os predadores cresciam mais, começavam a se reproduzir mais tarde, tinham menor número de filhotes, mas estes eram maiores do que àqueles que viviam junto com os predadores.
Depois de 11 anos, os pesquisadores verificaram que as diferenças no tamanho e na reprodução já eram as novas características da espécie, podendo ser observadas a cada nova geração dos barrigudinhos que viviam sem predadores. Esse exemplo mostra como a seleção natural pode agir nos organismos, ou melhor: como Darwin estava certo!
Fonte: Gomes-Jr., José Louvise e Rabello Monteiro, Leandro. 2004.A seleção natural e os peixinhos do aquário. Revista Ciência Hoje das Crianças. < http://chc.cienciahoje.uol.com.br/revista/revista-chc-2004/150/a-selecao-natural-e-os-peixinhos-do-aquario/a-selecao-natural-e-os-peixinhos-do-aquario-0?searchterm=peixes> Acesso em: 01/07/10.