Quem estuda a vida nos oceanos é um oceanógrafo


O que faz um oceanógrafo?

Não é novidade alguma dizer que os oceanos sempre instigaram a imaginação e o fascínio dos seres humanos. Mas garanto que você ficará surpreso ao saber que o ramo da ciência que se dedica a estudar mares, oceanos e litorais surgiu há cerca de duzentos anos, mas ainda é considerado jovem frente ao que ainda há por ser investigado sob as águas. Agora, diz: você por acaso sabe exatamente o que faz um oceanógrafo?

O oceanógrafo (ou oceanólogo) é, de fato, o profissional responsável pelo estudo da vida nos oceanos, que, além de cobrirem a maior parte do nosso planeta, são importante fonte de alimento e influenciam diretamente o clima da Terra. Dependendo da sua especialidade, o oceanógrafo pode se dedicar a estudar, por exemplo, as rochas e o relevo submerso, o movimento das marés e correntes marinhas ou as substâncias dissolvidas na água.

Quem quiser seguir na profissão precisa, portanto, gostar de trabalhar ao ar livre, especialmente em barcos e navios. Paulo Rubens Guimarães Barrocas, da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, explica que sempre se sentiu muito próximo do mar. “Sou carioca e cresci junto da Baía de Guanabara. Sempre fui um menino curioso, queria saber por que o mar era salgado, como os peixes respiravam debaixo da água e assim por diante”, explica. “A oceanografia é uma ciência muito jovem, com muita coisa para ser descoberta”.

Mas nem tudo é observação da natureza. Ser oceanógrafo requer estudar muito algumas disciplinas como a física, a química e a matemática. “É errado pensar que a oceanografia se preocupa apenas com a biologia marinha”, afirma Paulo Barrocas. “Nós, oceanógrafos, realizamos muitos cálculos! Eu sempre trabalhei com oceanografia química, estudando principalmente a contaminação por metais pesados, como mercúrio, nos sistemas costeiros.” Viu só?!
 O oceanógrafo também tem papel fundamental na preservação do ambiente e da vida marinha e na conscientização das populações costeiras. Zafira da Silva de Almeida, oceanógrafa da Unidade de Química e Biologia da Universidade Estadual do Maranhão, estuda tubarões, raias e peixes que habitam a costa do Nordeste brasileiro, e defende os animais com unhas e dentes. “As pessoas têm medo dos tubarões, porque os vêem como bichos malvados”, comenta. “Esses animais são importantes para o equilíbrio ecológico e devem ser protegidos. Eles só atacam quando se sentem ameaçados, como uma forma de defesa”.

A pesquisadora, que já mergulhou ao lado de tubarões de até dois metros no Atol das Rocas, conjunto de ilhas que fica a 260 quilômetros de Natal, no Rio Grande do Norte, conta que quando o ambiente marinho está bem preservado, os ataques de tubarão a pessoas são muito raros. “Durante vários anos, analisei o estômago de muitos tubarões, e nunca encontrei nem um dedinho humano”, brinca.

A redução da população de peixes é outro problema que a oceanógrafa ajuda a combater. Ela trabalha junto com comunidades de pescadores, alertando sobre essa difícil situação. “A diminuição do número de peixes afeta principalmente os pescadores, mas como eles não têm mais de onde tirar o seu sustento, continuam realizando a pesca predatória”, explica. “Nós estudamos os hábitos de reprodução e alimentação dos peixes para sabermos a partir de que tamanho eles podem ser capturados.”

Existem vários caminhos para quem quiser se tornar um oceanógrafo. Pode-se optar direto por um curso de oceanografia, em que a formação é mais ampla em suas várias especialidades, ou pode-se estudar biologia ou geografia, por exemplo, e depois vir a se especializar em oceanografia química, biológica, física ou geológica. Qualquer que seja a forma de ingressar na carreira, é importante amar a natureza, os mares e a vida em geral, e, claro, se empenhar ao máximo para fazer o ambiente marinho mudar para melhor!


WALTZ, Igor. Quando crescer vou, ser um oceanógrafo. Ciência Hoje da Criança, n°198, 2009.
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